FONTE: BLOG DO FRIO
Profissionais do setor estão cada vez mais se dedicando à publicação de trabalhos em periódicos nacionais e internacionais
Por Lu Guimarães
Entre profissionais de áreas tão diversas como medicina, odontologia, engenharia, direito, química, farmácia, matemática, astronomia e psicologia, publicar artigos científicos em periódicos é essencial para a difusão do conhecimento, o desenvolvimento de inovações e, em última instância, o benefício da sociedade.
Esse movimento também tem ocorrido em alguns segmentos do AVAC-R, com destaque para o acadêmico, que está figurando cada vez mais em renomadas publicações pelo mundo, como o Journal of Engineering Research.
Em seu volume 2, número 17 (2022), os professores da Faculdade Profissional (Fapro) Alexandre Fernandes Santos e Heraldo José Lopes de Souza e outros nove alunos – Marcia Cristina de Oliveira, Sariah Torno, Darlo Torno, Sandro Adriano Zandoná, Natalia Tinti Ramos, Eliandro Barbosa de Aguiar, Fabio Francisco Ferreira e Gustavo Nascimento Lira, além de Daiane Busanello (Institutos Lactec) – publicaram o artigo The importance of the HVAC-R area (heating, ventilation, air conditioning and refrigeration) in the world and national sphere and actions to reduce energy consumption as heat recovery.
Traduzido para o português, o artigo “A importância da área de AVAC-R (aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigeração) no âmbito mundial e nacional e as ações para reduzir o consumo de energia como recuperadora de calor” defende que novas tecnologias, como a recuperação de calor, podem reduzir em até dois terços as cargas térmicas de ar externo, seja para refrigeração ou condicionamento de ar.
“A educação comportamental dos usuários e técnicos de refrigeração é essencial para a redução da necessidade de novas usinas de geração de energia elétrica e de redução das emissões de carbono e gases de efeito estufa”, postula o texto.
O artigo reforça a tese de que, apesar de sua importância singular, o setor do frio não recebe o devido destaque na sociedade. Mostra ainda a desigualdade existente na relação entre habitantes e aparelhos instalados.
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Enquanto China e Estados Unidos têm, juntos, mais de 500 milhões de equipamentos de ar-condicionado instalados para um total de 1,75 bilhão de pessoas, apenas 8% dos 2,8 bilhões de habitantes dos países da zona equatorial do planeta têm o aparelho.
“Com o padrão de vida melhorando, as pessoas dos países em desenvolvimento certamente vão recorrer a esta tecnologia para se refrescar, e o número de unidades de ar-condicionado passará de 1,6 bilhão atualmente para 5,6 bilhões em 2050. O maior acesso exigirá o equivalente à capacidade de energia elétrica combinada, hoje, de toda a União Europeia, Estados Unidos e Japão”, afirma o artigo.
“Para se ter uma ideia, os edifícios são responsáveis por cerca de um terço do consumo global de energia e um quarto das emissões de CO₂. Eles ainda representam parcelas maiores de consumo em algumas das nações mais consumidoras – 42% na Rússia, 41% na União Europeia, 37% no Japão e 34% nos Estados Unidos. E quase 50% do consumo dos edifícios são referentes à climatização”, descreve o professor Alexandre.
O texto conclui que “soluções inteligentes, como recuperação de energia (rodas ou cubos entálpicos), geotérmica, free cooling, sistemas evaporativos e rodas dessecantes, devem consideradas desde o projeto em estágio de design até a tomada de decisões no HVAC-R, bem como o uso de refrigerantes naturais”.
Destaque em publicações
Doutor em engenharia mecânica e dono de um histórico de 17 artigos publicados em revistas com relevante fator de impacto e participação em dez livros de engenharia, o professor Alexandre Fernandes Santos entende que o HVAC-R precisa se destacar ainda mais na publicação de pesquisas científicas, uma vez que temas como eficiência energética e sustentabilidade estão em evidência.
“Com essa experiência, posso certificar que existe dificuldade de variedade de periódicos no Brasil para se publicar. Uma publicação numa revista como a Energies (Suíça), onde tenho três artigos publicados, é de 2.200 francos, ou seja, existe um custo considerável para isso”, argumenta.
O autor indica que a revista Brazilian Archives of Biology and Technology (BABT), que tem um ótimo fator de impacto e sem custo de publicação, é uma opção bastante interessante para os profissionais do setor.
“Entretanto, um problema recorrente é o idioma, e apesar de parecer simplório, quem tem dificuldade de escrever uma redação de 20 linhas, terá muito mais dificuldade de escrever um artigo científico”, complementa o professor Alexandre.
Atualmente, o autor está concorrendo entre os 20 melhores artigos publicados em 2021 na revista Energies, uma das mais conceituadas da Europa, com o texto Refrigeration of Covid-19 Vaccines: Ideal Storage Characteristics, Energy Efficiency and Environmental Impacts of Various Vaccine Options.
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