FONTE BLOG DO FRIO
Enjoei, Mercado Livre e OLX estão entre as opções da web onde têm aumentado a procura por condicionadores de ar, climatizadores e ventiladores de segunda mão
Por Redação
O excesso de calor, combinado à falta de tempo para esperar a renovação dos estoques nas lojas – e até mesmo de dinheiro, claro – para investir às pressas frente ao rigor do aquecimento global, são palpites bastante razoáveis para quem deseje definir o que tem acontecido nesta área.
Ao pesquisar equipamentos usados, na tentativa de tornar a casa ou o escritório mais agradável quando os termômetros passam dos 30 graus, uma situação cada vez mais rotineira, até mesmo nas cidades de temperatura normalmente amena, você talvez se surpreenda com a abundância de ofertas.
Na OLX, por exemplo, são mais de 230 anúncios na categoria “climatizador de ar portátil” e quantidades igualmente expressivas de ventiladores e splits usados à venda neste final de mês, conforme é fácil perceber-se ao navegar pelas páginas do portal.
A própria plataforma confirma essa tendência, por meio de um levantamento, segundo o qual, as vendas de climatizadores cresceram 62%; as de ventiladores 30% e as de aparelhos de ar-condicionado 21%, na primeira quinzena de março, na comparação com igual período de 2023.
Com um custo médio 40% menor, comparativamente às máquinas novas, o ar-condicionado de segunda mão lidera a procura na OLX, seguido por ventiladores e climatizadores.
“Já é consolidada a procura e compra de aparelhos usados que amenizam o calor na nossa plataforma a cada aumento de temperatura. Esses produtos podem tanto gerar renda extra como ser uma opção para quem tem o orçamento mais apertado”, disse a diretora geral do site, Regina Botter, em comunicado à Imprensa.
Em termos de localização geográfica, Rio de Janeiro, São Paulo e Amazonas foram os que mais consumiram equipamentos usados, enquanto Tocantins figura como o que mais se expandiu neste campo, ao registrar 87% mais negócios, ante aos do ano passado fechados naquele estado, também de 1º a 15 de março.
Mas será que vale a pena?
Eu nunca recomendo aos meus clientes que comprem usados, pois a gente nunca sabe como foram feitas as manutenções do aparelho, se na desinstalação foi recolhido fluido etc., afirma Felipe Machado.
Técnico especializado em ar-condicionado e com quase uma década de mercado, ele adverte sobre o risco de um equipamento adquirido mais barato representar um grande prejuízo mais à frente, pois após a instalação, podem surgir diversos problemas.
“Nessa semana mesmo um cliente me pediu para reinstalar dois equipamentos fabricados em 2002, daqueles com a condensadora quadrada ainda. Resultado: nenhum deles funcionou, estavam sem gás, com um compressor queimado e outro bem baleado”, relata.
Igualmente, segundo Felipe, deve-se levar em conta nessas horas que os equipamentos usados gastam muito mais energia do que aqueles de tecnologia inverter, por exemplo, que chegam a pesar 60% menos na conta de luz.
Nada disso impede, porém, que seja possível fazer um bom negócio desse tipo, ”caso os aparelhos sejam mais recentes, estejam realmente bem conservados e tenham sido desinstalados por um profissional habilitado”, uma combinação de fatores nem sempre possível, convenhamos, quando se adquire um usado no escuro.
Não é para qualquer um
Seu colega de profissão, o igualmente experiente Alan Guimarães, ressalva, porém, que o Código de Defesa do Consumidor é o guardião de quem adquira um aparelho usado esperando que ele esteja em bom estado geral, mas logo acabe por perceber um quadro bem diferente.
Justamente por isso, quem escolhe a compra e revenda de aparelhos usados com meio de vida ou até mesmo complementação de seus rendimentos precisa tomar uma série de cuidados para não ver um aparente bom negócio virar caso de justiça.
“O ar-condicionado não envolve só o equipamento, mas também a instalação. Conheço pessoas que vivem disso e são muito bem sucedidas, mas são corajosas, pois volta e meia tomam grandes prejuízos, ao arrematar máquinas sem procedência e não examiná-las o suficiente antes de revendê-las”, assegura.
Além desse apetite ao risco, a pessoa precisa ela mesma ser um técnico ou ter algum de sua confiança para levar essa máquina à oficina, pressurizá-la e, aí sim, descartar a possibilidade de vazamento na condensadora e na evaporadora, por exemplo.
Precisa ainda, no entender de Alan, deixar o aparelho funcionando durante algum tempo e só depois pensar em vendê-la, com a devida garantia prevista em lei, mesmo que o preço seja bem diferente ao do produto na caixa.
Quando quem instala é um terceiro, a questão ética de um possível deslize nessa operação atinge também ao colega, pois ao não ver o condicionador funcionando como ele sonhava, o cliente pode facilmente culpar o instalador por esse insucesso.
Em meio a tais considerações, Alan reforça a necessidade de discernimento por parte de quem atua nesse campo, pois certos aparelhos usados se prestam apenas e tão somente como sucata e reaproveitamento de peças, mas se vão parar na casa de alguém, certamente se transformam em fonte garantida de decepção e conflito.
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