Mais da metade dos investidores apostam em alguma alta da Selic e isto cria uma perspectiva complexa”.

Patricia Raposo

patricia.raposo@movimentoeconomico.com.br / FONTE: MOVIMENTO ECONÔMICO

A semana começou com o mercado financeiro elevando as apostas na alta da taxa básica de juros, a Selic. Há quem projete até três reajustes em 0,5 ponto percentual, o que elevaria a taxa 12% até o fim do ano.

As previsões começaram a aparecer depois que o Comitê de Política Monetária (Copom) registrou em sua última ata que não hesitaria em elevar os juros se necessário. A economia aquecida e o emprego em ascensão estimulam economistas a projetar a Selic acima dos 10,50% até dezembro.

A XP foi uma das instituições que se posicionou sobre o assunto. Em seu comunicado de ontem, admitiu que mudou o cenário base para a taxa Selic e ancorou sua decisão justamente na recente comunicação dos membros do Copom.

“Conforme destacado em nossos relatórios anteriores, com a flexibilização da política monetária em economias importantes (EUA, Europa, pares da América Latina), acreditávamos que o Copom ficaria satisfeito com suas projeções de inflação um pouco acima da meta, optando por estender o horizonte de convergência. Mas os membros do Comitê têm apontado que, em 3,2%, a previsão de inflação está acima da meta”, diz nota da equipe de economistas. A XP vê a taxa Selic em 12,00% em janeiro de 2025.

Também ontem, em Belo Horizonte, Gabriel Galípolo, o diretor de política monetária do BC, que é cotado para suceder o presidente Roberto Campos Neto, disse a empresários reunidos num almoço que o “Banco Central vai estar sempre na posição de não tomar risco”. Os fatos ocorreram no mesmo dia em que o Boletim Focus – que reúne informações de 140 instituições financeiras – divulgou que a taxa básica de juros tende a fechar 2024 em 10,50%. Significa que entre a coleta de dados e sua divulgação, boa parte mudou de opinião.

O economista André Perfeito ressalta que “pouco mais da metade dos investidores apostam em alguma alta da Selic e isto cria uma perspectiva complexa. Segundo ele, o mercado já vem enfrentando há meses dificuldades em ler os ativos de maneira correta e isto tem trazido muitas dificuldades para a indústria como um todo e feito os gestores criarem estratégias erráticas. “Isso não é bom sinal: a liquidez quando não é bem canalizada cria desastres desnecessários”.

O que pode acontecer se a Selic subir

Para deixar o cenário ainda mais complexo, nos Estados Unidos já é dado como certo no mercado o início dos cortes de juros em setembro. Diante disto, o que pode ocorrer caso o Copom suba os juros aqui?

“Se o banco central norte-americano (FED) de fato cortar os juros, e por ora não há motivos para achar que não irá fazê-lo, o efeito líquido é como se os EUA tivessem baixado o sarrafo. Logo uma alta de juros por aqui não se faria necessária e seria, sim, mais forte que o adequado”, sustenta o economista.

Banco do Nordeste

O Banco do Nordeste (BNB) divulga, nesta terça-feira 20, às 10h, os resultados operacionais e financeiros do primeiro semestre de 2024. A apresentação dos dados será feita pelo presidente do BNB, Paulo Câmara, e pelo diretor de Relações com Investidores, Wanger Rocha, em transmissão pelo canal do Banco no Youtube.

Desembolso

Os diretores irão detalhar o volume histórico de desembolso para o período, que foi de R$ 27 bilhões, e o incremento nas operações de crédito, quando comparado com o primeiro semestre de 2023, e outras informações financeiras.

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