Rendimento total dos trabalhadores alcança R$ 326,2 bilhões no trimestre, impulsionado pelo aumento da população ocupada e queda no desemprego, aponta IBGE.
FONTE: CONTÁBEIS
No trimestre encerrado em agosto de 2024, o rendimento real acumulado dos trabalhadores no Brasil alcançou um volume de R$ 326,2 bilhões, conforme revelou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este montante representa o maior patamar desde o início da pesquisa em 2012, indicando um aumento significativo de 1,7% em comparação com o trimestre anterior e de 8,3% em relação ao mesmo período de 2023.
O valor médio do rendimento habitual dos trabalhadores brasileiros chegou a R$ 3.228, com uma variação trimestral discreta de 0,6%, considerada estatisticamente estável, e um aumento anual de 5,1%. O desempenho expressivo do mercado de trabalho também se reflete no número recorde de pessoas empregadas, que atingiu 102,5 milhões em agosto. Esse crescimento da população ocupada, combinado com a estabilidade no rendimento médio, resultou no contínuo avanço da massa de rendimentos.
De acordo com a coordenadora da pesquisa, Adriana Beringuy, o crescimento do número de trabalhadores ocupados é significativo. “Mesmo que o aumento do rendimento médio não tenha sido expressivo, a variação positiva, somada ao aumento de pessoas empregadas, reflete no crescimento da massa de rendimentos”, afirmou Beringuy.
Ocupação e desemprego em declínio
O nível de ocupação, que mede o percentual de trabalhadores em relação ao total de pessoas em idade de trabalhar, subiu para 58,1%, aproximando-se dos recordes de 2013. Além disso, o contingente de trabalhadores desempregados caiu para o menor nível desde janeiro de 2015, resultando em uma taxa de desemprego de 6,6%.
Esse resultado é explicado pelo aumento no número de trabalhadores ocupados e pela diminuição no número de desempregados. Sete das dez atividades econômicas analisadas pelo IBGE apresentaram aumento na geração de empregos no trimestre, incluindo a indústria (4,2%), comércio (2,6%) e transporte (6%). Apenas o setor agrícola sofreu uma redução na força de trabalho, com uma queda de 4,2%.
Crescimento da informalidade
Apesar dos avanços no mercado de trabalho formal, o número de trabalhadores informais atingiu um recorde de 39,83 milhões, representando um aumento de 1,8% em comparação com o trimestre anterior. Entre os informais estão trabalhadores sem carteira assinada, empregadores sem CNPJ e trabalhadores familiares não remunerados. O aumento de empregos informais foi superior ao crescimento da população ocupada total, que foi de 1,2%.
O IBGE destacou que o número de empregados no setor privado sem carteira assinada aumentou 4,1% no trimestre, atingindo um novo recorde. Por outro lado, os trabalhadores com carteira assinada cresceram modestamente, com um aumento de apenas 0,8%.
A população subutilizada, que inclui desempregados e pessoas que trabalham menos horas do que gostariam, chegou a 18,5 milhões, o menor número desde 2015. O desalento, que engloba aqueles que gostariam de trabalhar, mas não buscaram emprego devido a diversos fatores, como falta de oportunidade ou idade avançada, também diminuiu para 3,1 milhões, o menor nível desde 2016.
Esses resultados evidenciam um mercado de trabalho em aquecimento, com crescimento tanto no emprego formal quanto informal, além de uma leve recuperação no rendimento médio dos trabalhadores brasileiros, apesar dos desafios estruturais, como a informalidade e a subutilização da mão de obra.
Publicado por Juliana Moratto
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