FONTE: REVISTA DO FRIO

Nos últimos anos, práticas sustentáveis e soluções inovadoras no setor de HVAC-R têm transformado a forma como os frigoríficos brasileiros operam, promovendo uma abordagem mais ecológica para os processos de refrigeração e isolamento térmico. A adoção de novas tecnologias, sistemas de refrigeração mais eficientes e o uso de equipamentos e insumos sustentáveis têm sido fundamentais para minimizar as emissões de gases de efeito estufa, reduzir o consumo de energia e melhorar a eficiência geral das operações. No Brasil, empresas de câmaras frigoríficas estão adotando soluções inovadoras para minimizar o impacto ambiental, desde a utilização de fluidos refrigerantes naturais, sistemas que ajustam a capacidade de refrigeração conforme a demanda, recuperação de calor, até aplicação de isolamento térmico sustentável, visando a economia de energia.

Na busca por frigoríficos mais sustentáveis, a adoção de fluidos refrigerantes naturais, como o dióxido de carbono (CO2) e a amônia (NH3) já é uma realidade. O CO2, por exemplo, é um refrigerante natural com GWP quase zero, o que reduz significativamente o impacto ambiental das operações de refrigeração. Além disso, sistemas de refrigeração com CO2 oferecem uma performance altamente eficiente em baixas temperaturas, sendo ideais para ambientes de armazenamento frigorífico, onde o controle rigoroso da temperatura é essencial. A Mebrafe, por exemplo, desenvolveu sistemas de cascata que combinam CO2 e amônia, aproveitando as melhores características de ambos os refrigerantes. Esses sistemas são ideias para aplicações de congelamento e reduzem a necessidade de grandes quantidades de energia, maximizando a eficiência. O uso combinado de fluidos naturais contribui para a redução do impacto ambiental e atende às regulamentações globais de redução de gases de efeito estufa.

Outra tecnologia sustentável que vem ganhando espaço nos frigoríficos é o uso de compressores inverter de alta eficiência, que ajustam a capacidade de operação de acordo com a demanda de refrigeração, economizando energia e reduzindo o desgaste dos equipamentos. Esse tipo de compressor pode ser integrado a sistemas de controle inteligentes, que monitoram as condições ambientais e ajustam automaticamente a potência necessária para manter a temperatura ideal, maximizando a eficiência energética. A São Rafael, por exemplo, indica câmaras frigoríficas modulares com sistema de compressores inverter de alta eficiência, operando de maneira mais econômica e sustentável. A eficiência energética também contribui para a diminuição das emissões de carbono, alinhando-se às metas ambientais globais.

Na mesma linha, a empresa afirma que a tecnologia de monitoramento remoto permite que os operadores acompanhem o desempenho dos equipamentos em tempo real, evitando falhas e melhorando a eficiência operacional. Essas câmaras frigoríficas ainda têm processo de montagem modular que minimiza o desperdício de materiais e reduz o impacto ambiental durante a construção.

Já a Thermoprol, por sua vez, aposta em sistemas de recuperação de calor que permitem aproveitar o calor residual gerado pelos sistemas de refrigeração e usá-lo em outros processos do frigorífico. O calor recuperado pode ser reutilizado para aquecer água ou ser aplicado em processos industriais, reduzindo a necessidade de energia externa. Essa solução diminui o desperdício de energia, tornando a operação do frigorífico mais sustentável e econômica.

O isolamento térmico também é fundamental para a sustentabilidade de sistemas frigoríficos. De acordo com Dânica, painéis isotérmicos feitos com materiais isolantes, como poliuretano (PUR) ou poliisocianurato (PIR), ajudam a reduzir a perda de energia. Além disso, os materiais usados nesses painéis são recicláveis e produzidos por meio de processos de baixo impacto ambiental.

Outra solução, segunda a empresa, são as telhas térmicas aplicadas nas coberturas dos frigoríficos, que evitam o aumento da temperatura interna devido à exposição solar. Essas telhas melhoram a eficiência térmica, mantendo o ambiente mais fresco e o esforço dos sistemas de refrigeração, o que resulta em menor consumo de energia. Exemplos de caso

O avanço em tecnologias sustentáveis, como o uso de fluidos refrigerantes naturais, sistemas de refrigeração eficientes e isolamento térmico, tem permitido que frigoríficos no Brasil operem de forma mais ecológica e eficiente. Empresas como JBS, Marfrig e Aurora Alimentos, lideram essas iniciativas, adotando práticas que ajudam a reduzir o impacto ambiental, melhorar a eficiência operacional e atender às demandas por sustentabilidade no setor alimentício.

A JBS tem investido em iniciativas de sustentabilidade e implementa sistemas de refrigeração com fluidos refrigerantes naturais, como o CO2, em diversas de suas plantas frigoríficas. Também possui projetos voltados para a recuperação de calor nos sistemas de refrigeração, utilizando o calor gerado no processo de resfriamento para outras operações, como aquecimento de água e ambientes. A empresa se comprometeu a neutralizar suas emissões de gases de efeito estufa até 2040, o que envolve também a melhoria contínua de suas operações de refrigeração.

A Marfrig vem substituindo os refrigerantes sintéticos por fluidos refrigerantes naturais, como amônia (NH3) e CO2, e adota práticas de isolamento térmico eficiente, utilizando materiais avançados para minimizar as perdas de energia e maximizar a eficiência de suas câmaras frias e sistemas de congelamento em conformidade com as regulamentações ambientais. A empresa se comprometeu a reduzir emissões absolutas de gases do efeito estufa em 68% até o ano de 2035 e diminuir a intensidade das emissões de CO2 em 33% até 2035 e aumentar o uso de energia renovável de 27% para 100% até 2030.

Já a Aurora Alimentos tem feito esforços para modernizar suas plantas frigoríficas investido na implementação de refrigerantes naturais e em sistemas de refrigeração de alta eficiência. A empresa também se destaca por adotar práticas de economia circular, aproveitando o calor residual de seus sistemas de refrigeração para aquecimento de água e outros processos, reduzindo assim a dependência de fontes externas de energia e diminuindo suas emissões de carbono e a utilização de cavaco como fonte de biomassa, proveniente de florestas próprias de eucalipto. A empresa está comprometida em reduzir suas emissões de carbono em 20% até 2025.

Categorias: SINDRATARPE

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