FONTE: DP
Os dados sobre o comportamento dos preços no país foram divulgados nesta terça-feira (10) pelo IBGE. Economista destaca que nos Alimentos, a inflação chega a pouco mais de 10% ao ano
Por: Thatiany Lucena
De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, a inflação no Brasil em novembro foi de 0,39%, variando 0,17 ponto percentual abaixo da taxa de outubro (0,56%). Mesmo assim, o IPCA acumula alta de 4,29% no ano, ficando muito próximo do teto da meta do Governo Federal (de 4,50%) e chega a 4,87% no acumulado de 12 meses (novembro de 2023 a novembro último).
No Brasil, a alta de preços foi puxada pelo grupo de Alimentação e bebidas (1,55%). Na sequência, vieram os grupos Transportes (0,89%) e Despesas Pessoais (1,43%). Já Habitação (-1,53%), Educação (-0,04%) e Artigos de residência (-0,31%) tiveram arrefecimento.
O economista Edgard Leonardo, da Unit-PE, destaca que a alta de preços é extremamente prejudicial, especialmente para as classes com menor poder aquisitivo. “A inflação, como a que a gente está agora, pouco abaixo de 5%, na prática é extremamente punitiva, porque se você separar apenas o item Alimentação, essa inflação está em torno de pouco mais de 10% ao ano. O trabalhador está sendo penalizado; para ele comer, precisa de mais recursos do que ele tinha antes”, afirma.
Na Região Metropolitana do Recife registrou inflação de 0,42% em novembro, com leve recuo em relação a outubro. A inflação teve maior impacto dos Transportes, que ficou 2,48% mais cara, em média. Os outros grupos que registraram aumento foram Alimentação e bebidas (1,04%), despesas pessoais (0,67%), comunicação (0,05%) e educação (0,03%).
Alta do dólar
De acordo com o economista Edgard Leonardo, da Unit-PE, o dólar e o petróleo são dois elementos que impactam muito na inflação em todo o mundo. “Muitas vezes, temos a falsa impressão que quando o dólar aumenta, produtos regionais como macaxeira, inhame e batata doce, não sofrerão impacto. No entanto, o defensivo agrícola usado no cultivo pode ser importado, então aquele produto sofre o impacto do aumento do dólar”, aponta.
Carne brasileira
O economista destaca ainda que o enfraquecimento do Real favorece a venda da carne brasileira no exterior, reduzindo a oferta no mercado nacional. “A carne tem sido realmente a grande vilã. A gente tem cortes mais valorizados que subiram mais de 20%”, aponta Edgard. Além disso, outros fatores impactam na produção da carne, como a seca e as queimadas, que afetam a saúde do gado.
Transportes
Ainda segundo Edgard, a supervalorização do dólar frente ao real fica perceptível em itens importados, como no setor de transportes. “O que a gente tem lá? combustível, preço de automóveis, preço de motocicletas, preços de passagem aéreas e ônibus”, explica.
Expectativa de alta da taxa Selic
Segundo o Boletim Focus divulgado na última segunda-feira (9), a expectativa é alta na taxa Selic, que deve subir de 11,25% para 12% na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, nesta quarta (11).
Edgard Leonardo explica que essa ferramenta de política monetária deve segurar o aumento da inflação no país. Ou seja, a elevação dos preços dos produtos no Brasil.
“Quando a gente faz o aumento da taxa de juros, a gente diminui o ímpeto da economia. As pessoas financiam menos e compram menos, porque fica mais caro o custo do dinheiro. Então, aquela TV que a gente ia comprar parcelada fica mais cara. Quando a gente não compra, a gente segura a demanda. Com isso, a gente segura os preços porque o comércio não está vendendo”, explica o economista.
A taxa de juros não sobe apenas como ferramenta de política monetária para controle inflacionário. “Os juros também sobem resultado das expectativas do mercado quanto ao problema fiscal. Ou seja, a indicação para o mercado de que o governo brasileiro não consegue controlar os gastos”, aponta.
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