FONTE: REVISTA DO FRIO
A reeleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos promete provocar transformações no mercado global de aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigeração (HVAC-R). As expectativas giram em torno de mudanças nas políticas ambientais, energéticas e comerciais que podem redefinir as dinâmicas de produção, custo e oferta no setor. As previsões incluem desde a flexibilização de regulamentos ambientais até a imposição de tarifas comerciais mais rigorosas, principalmente para produtos chineses. Com a perspectiva de relaxamento nas regras ambientais, espera-se a redução de custos para os fabricantes, mas também o risco de menor incentivo para inovações em eficiência energética e redução de emissões de carbono. O cenário pode afetar o desenvolvimento de tecnologias mais limpas e, consequentemente, o ritmo de transição global para um sistema de produção de baixo carbono.
O HVAC-R também se vê impactado pelas previsões de apoio de Trump às indústrias de combustíveis fósseis, o que pode desacelerar a eletrificação e o crescimento de bombas de calor, além de favorecer o mercado de caldeiras a óleo e gás. Essa orientação pode se refletir no mercado brasileiro, que segue de perto as tendências globais de produção e consumo de equipamentos de climatização.
As políticas protecionistas são outro elemento que deve abalar o setor. Nos Estados Unidos, a aplicação de tarifas de até 60% sobre produtos chineses tem potencial para interromper cadeias globais de produção. As indústrias chinesas, que desde o início da guerra comercial em 2018 começaram a realocar suas bases de produção para o Sudeste Asiático, podem se ver forçadas a buscar novas saídas.
Esse ambiente de incerteza pode impulsionar a transferência de produção para os Estados Unidos, mas não sem desafios. A falta de mão de obra qualificada e a complexidade para transferência de cadeias industriais completas tornam o processo lento e oneroso. Marcas japonesas e sul-coreanas já começaram a investir na produção local nos EUA, uma medida que pode influenciar o fluxo global de componentes, afetando os custos finais para outros mercados, incluindo o Brasil.
- “Químicos eternos” sob pressão ameaçam o futuro dos fluidos refrigerantes
- O mercado mundial oferece oportunidades de exportação para o setor de HVAC-R
- Como funciona um sistema de refrigeração?
Para o mercado brasileiro de HVAC-R, o impacto é latente. Os Estados Unidos figuram como o segundo maior parceiro comercial do Brasil, com exportações brasileiras de petróleo, ferro, café e produtos industrializados totalizando quase US$ 33 bilhões em 2024. As políticas protecionistas norte-americanas podem reduzir o acesso dos produtos brasileiros ao mercado estadunidense, gerando um efeito em cascata sobre a indústria nacional de HVAC-R, que depende de insumos importados e da manutenção de preços competitivos.
A expectativa para o setor de HVAC-R no Brasil é de adaptação. Enquanto indústrias internacionais buscam alternativas para as tarifas dos EUA, o mercado interno se reconfigura para reduzir a dependência de insumos importados e aumentar a produção local. A previsão é de que as empresas do setor redobrem seus esforços em eficiência produtiva e em negociações bilaterais para evitar o agravamento dos custos de importação.
0 comentário