A retomada da economia contribuiu mais para os investimentos anunciados em Pernambuco em 2024 do que os incentivos fiscais estaduais
Ângela Fernanda Belfort / FONTE: ME
angela.belfort@movimentoeconomico.com.br
Os incentivos fiscais dados pelo governo de Pernambuco atraíram cerca de R$ 1 bilhão em novos investimentos em 2024. A Agência de Desenvolvimento de Pernambuco (Adepe) divulgou um balanço, do ano passado, contabilizando que o Estado atraiu investimentos de R$ 17,8 bilhões nos últimos 12 meses. Neste período, o maior investimento anunciado foi o da fábrica de veículos da Stellantis, em Goiana, no valor de R$ 13 bilhões.
“O investimento da Stellantis salta aos olhos, mas não está atrelado aos incentivos fiscais concedidos pelo Estado”, explica o sócio-diretor da Ceplan Consultoria e professor da Unicap, Valdeci Monteiro. Ele argumenta também que o investimento da montadora traz impactos importantes e efeitos na região.
Os R$ 13 bilhões de investimentos anunciados pela Stellantis serão empregados em hibridização, eletrificação de veículos e descarbonização de processos fabris no período de 2025 a 2030. E estes investimentos ocorrem em função de uma série de fatores, como a retomada do crescimento da economia, o aumento das vendas de veículos, programa de incentivos fiscais da União para o setor automotivo e iniciativas da empresa para produzir carros mais ambientalmente amigáveis, que serão os híbridos.
Ainda dentro do que foi anunciado nos últimos 12 meses, os outros R$ 3,7 bilhões foram de projetos de grande porte, como a fábrica de e-metanol da European Energy com um investimento de R$ 2 bilhões; a Coca-Cola com R$ 700 milhões; a Ball (R$ 100 milhões), entre outros.
Os números acima apontam um cenário em que a retomada da economia foi mais importante para a atração de investimentos do Estado do que os incentivos fiscais concedidos com descontos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
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Ainda com incentivos fiscais estaduais, a Agência informou que 82 empreendimentos anunciaram instalação em 2024 e outras 109 decidiram ampliar suas operações. “De forma ativa, a Adepe prospectou 335 empresas para o Estado, sob a coordenação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico”, diz o balanço. Também entram nesta conta as centrais de distribuição que também recebem incentivos fiscais do Estado.
Ainda de acordo com o balanço, os empreendimentos que receberam incentivos fiscais estaduais apresentaram uma expectativa de geração de 3.517 empregos com os programas de incentivos fiscais, como o Programa de Desenvolvimento de Pernambuco (Prodepe) e o Programa de Estímulo à Indústria de Pernambuco (Proind). Os incentivos foram anunciados em cinco reuniões do Conselho Estadual de Políticas Industrial, Comercial e de Serviços ( Condic) em 2024. Os incentivos fiscais e a retomada da economia
“A economia está sendo retomada de forma gradual em Pernambuco. O investimento, mesmo pequeno, ajuda a potencializar a diversidade da economia, que acabam atraindo e estimulando, indiretamente, outros grandes investimentos. É importante olhar para os pequenos negócios também”, afirma Valdeci, se referindo a alguns dos incentivos fiscais concedidos pelo Estado em 2024.
Segundo o economista, estes sinais de retomada da economia estão construindo um ciclo positivo, embora ainda seja cedo para dizer se vai ser um ciclo virtuoso. “Também percebemos que há um esforço empresarial apostando em investimentos. O ambiente de negócios mudou”, comentou. Ele lembrou que a economia do Estado sofreu muito depois de 2014 com a crise econômica que ocorreu a partir de 2014.
Valdeci argumentou que também estão sendo realizados investimentos em infraestrutura, que são fundamentais para o Estado ter competitividade no cenário pós incentivos fiscais estaduais, previstos para acabar em 2032 com a reforma tribuária.
Os incentivos fiscais estaduais já foram a principal atrativo para algumas empresas se instalarem em Pernambuco e nos Estados do Nordeste.
Para Valdeci, Pernambuco vai ter que investir em infraestrutura física de telecomunicações para melhorar o ambiente de negócios. O economista citou também obras já realizadas em Suape – como a dragagem – que permitiram a entrada de navios maiores no atracadouro pernambucano.
“A Adepe vem fazendo um trabalho interessante com o mapeamento dos arranjos produtivos locais, no qual não são empreegados recursos elevados, mas têm impacto na economia local, porque o pequeno produtor precisa de apoio”, afirmou Valdeci.
A reportagem do Movimento Econômico contatou a assessoria da Adepe que informou que o presidente da Agência, André Teixeira Filho, não poderia atender a reportagem por estar em viagem a trabalho.
Ao ser questionado como o Estado está se preparando para o fim dos incentivos fiscais estaduais, André enviou a seguinte nota: “Pernambuco vive um momento ímpar da sua história. Retomamos a confiança do empresariado e nosso diálogo é constante com as mais diversas classes empresariais. E isso vem da criação de um ambiente de negócios transparente e aberto a conversas. O intuito é um só: desenvolver Pernambuco. O Governo do Estado realiza investimentos recordes em suas estradas, isso sem falar em nos aportes que chegam a portos e aeroportos. A infraestrutura e a educação fazem parte dessa “preparação” do nosso Estado”.
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