FONTE: BLOG DO FRIO

Líderes femininas do HVAC-R mostram como certos comportamentos, vários deles típicos da mulher, fazem a diferença no enfrentamento da crisePor WAGNER FONSECA

Crise sanitária ajudou a acelerar a transformação digital em varejistas como a Eletrofrigor, dirigida pela empresária fluminense Graciele Davince Pereira, que também aposta em parcerias com grandes marcas do segmento | Foto: Divulgação

“Capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças”. Dicionários definem nesta linha o substantivo feminino resiliência.

Feminino, aliás, como o próprio gênero humano sobejamente mais hábil em lidar com situações delicadas, seja a partir de sua própria fisiologia, seja dentro de casa e, mais ainda, ao derrubar tabus no campo do trabalho, a ponto de ensejar matérias como esta.

O fato é que não se pode ignorar a incrível capacidade das mulheres de transformar limões em saborosas limonadas, até mesmo quando a fruteira está vazia.

Simbolismos à parte, a crise sanitário-econômica trazida pela covid-19 e suas variantes tem sido um fértil campo de provas, no qual empresários e líderes de ambos os sexos têm sido pródigos em manter o HVAC-R andando, até mesmo por ser uma atividade que, literalmente, não pode parar.

“Vimos claramente o quanto a cadeia do frio é essencial, com a demanda crescendo significativamente em mercados, restaurantes com delivery e, claro, na área da saúde”, corrobora Letícia Girelli, da curitibana Girelli Refrigeração.

Para a empresária, nunca esteve tão evidente a importância de uma gestão bem alinhada para o enfrentamento de questões graves, “desta vez, num cenário que acredito nunca ter passado pela cabeça de ninguém”, complementa.

Por essas e outras, o Blog do Frio resolveu ir a campo, mais uma vez, para acompanhar de perto o que estão fazendo algumas dessas empoderadas mulheres do segmento, com as quais seria difícil deixar de abordar este cenário conturbado no qual todos estamos vivendo já há mais de dois anos.

Diretora executiva da Girelli Refrigeração, Letícia Girelli | Foto: Arquivo pessoal
Pandemia deixou evidente a importância de uma gestão bem alinhada para o enfrentamento de questões graves, avalia a diretora executiva da loja paranaense Girelli Refrigeração, Letícia Girelli | Foto: Arquivo pessoal

Rotas alternativas

A mistura de tantos elementos complexos tem obrigado empresas do setor a consertar o avião em pleno voo e, não raro, tendo uma mulher na cabine de comando.

É o que se passa, por exemplo, na Eletrofrigor, em cuja sede, no Rio de Janeiro, a diretora Graciele Davince Pereira ressalta que um dos aspectos trazidos à tona pela pandemia foi a necessidade de se acelerar a transformação digital em empresas como a dela, cuja especialidade é o comércio de peças e ferramentas para refrigeração e ar condicionado.

“Atender o cliente de forma multicanal, como este momento exige, só é possível qu

ando se aposta em tecnologia”, diz Graciele.

“O cliente quer comprar via site ou telefone, retirar na loja ou receber no seu local, tudo conforme pediu, e o mais rápido possível, com a possibilidade de realizar uma troca, se necessário, com a mesma eficiência de antes”, acrescenta.

Enquanto buscava satisfazer, em caráter de urgência, essas e outras exigências atuais, a loja fluminense colocou à prova sua empatia ao conviver com uma equipe inicialmente insegura, repleta de dúvidas, principalmente antes que a vacinação engrenasse, a exemplo de clientes receosos em sair de casa, também num primeiro momento.

“A gente conversou muito com os líderes de equipe para que houvesse um clima interno, na medida do possível, mais tranquilo”, relembra Graciele, ao definir como um abraço dado a funcionários e clientes toda essa mobilização solidária.

Hoje, diante da limitação nos festejos carnavalescos – embora a considere necessária – em virtude da volta das estatísticas preocupantes proporcionada pela variante ômicron –, ela antevê dias difíceis para o turismo e outros importantes segmentos compradores, fazendo de 2022 mais um período complicado, agora tendo como agravantes a inflação e os juros altos.

Incertezas no horizonte que Juliana Brito, coordenadora comercial da Totaline de Curitiba, acrescenta às normalmente trazidas por um período eleitoral, embora se diga otimista, até mesmo por conta dos resultados obtidos até aqui pela empresa do grupo Midea Carrier.

Desde o início da pandemia, a Totaline promoveu uma série de lives visando manter-se o mais próxima possível da clientela, além de só ter fechado as portas nos períodos em que a administração pública local determinou.

“Mas sempre seguindo à risca todos os protocolos sanitários”, frisa Juliana, lembrando que tais cuidados se estenderam a ações especiais de marketing e vendas, aos poucos retomadas na casa.

As medidas preventivas postas em prática incluem ainda a instalação de purificadores do tipo safe air nas lojas, que passaram a ter cada metro quadrado quinzenalmente sanitizado, e a disponibilização de telemedicina, visando orientar os colaboradores, sempre que necessário.

A coordenadora comercial da loja da Totaline em Curtiba, Juliana Brito | Foto: Arquivo pessoal
A mão de obra feminina “vem se reinventando o tempo todo como ser humano e profissional”, destaca a coordenadora comercial da loja da Totaline em Curtiba, Juliana Brito | Foto: Arquivo pessoal

Reinvenção em dobro

Enquanto prosseguem dando o seu melhor na empresa, estas mulheres e, certamente, muitas outras atuantes no HVAC-R e demais setores da economia, têm exercido em plenitude sua conhecida capacidade de ser resiliente.

Meditação e atividades físicas estão entre as preferências quando o assunto é manter o controle emocional e renovar energias.

Dentro de casa, mais resiliência ainda para não deixar as coisas degringolarem frente a tantas mudanças forçadas de rotina.

“As escolas dividiram com os pais parte de suas atribuições no monitoramento das atividades das crianças”, exemplifica Jossineide Oliveira, diretora técnica da Vento Sul, de Porto Velho.

Fatos assim aumentaram a sobrecarga de trabalho causada pelo fato de, em sua região, a demanda ter aumentado significativamente a partir de março de 2020, em virtude da preocupação crescente com a qualidade do ar de interiores.

“O desafio a nós imposto no campo profissional acaba se ampliando pelo fato de a preocupação não ser mais encontrar tudo funcionando ao retornar do trabalho, mas sim que as coisas continuem acontecendo enquanto estivermos ausentes”, observa a mãe de três jovens filhos, todos em idade escolar.

Mas isso tudo, no seu entender, “tem servido para mostrar que somos mais capazes do que imaginávamos quanto a flexibilidade e criatividade”, acentua a profissional, frisando ainda sua crença de que a pandemia está longe do fim e, certamente, deixará sequelas, antes de se tornar algo bem menos grave contrair covid, nos moldes de uma gripe mais forte hoje em dia.

“Tem sido um período muito desafiador, em que a gente vem se reinventando o tempo todo como ser humano e profissional”, concorda Juliana Brito, da Totaline

A saída, enquanto perdurar a pandemia, assim como o enfrentamento das consequências por ela deixadas, a executiva resume assim: “Continuaremos tendo de buscar alternativas para fazer diferente e entregar bons resultados, mantendo – ao mesmo tempo – a saúde mental igualmente em ordem”, conclui.

A professora Jossineide Oliveira, do Senai de Rondônia, durante palestra na Fatec Itaquera | Foto: Nando Costa/Pauta Fotográfica
Jossineide Oliveira, professora do Senai de Rondônia e diretora técnica da Vento Sul, durante palestra sobre boas práticas em refrigerção ministrada na Fatec SP | Foto: Nando Costa/Pauta Fotográfica
Categorias: SINDRATARPE

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