Conhecimento das métricas ambientais ajuda profissionais do AVAC-R a tomar decisões melhores e mais ecológicas em seu dia a dia
Por Repórter do Frio / FONTE: BLOG DO FRIO
Se você está começando a trabalhar na indústria de refrigeração e ar condicionado, provavelmente já ouviu falar de termos como GWP, ODP, TEWI e LCCP. Essas são métricas importantes usadas para entender o impacto ambiental do nosso setor.
Mas o que essas siglas realmente significam? Vamos abordar, a seguir, este assunto de maneira rápida e simples.
O potencial de aquecimento global (GWP, em inglês) mede o quanto um gás de efeito estufa (GEE) pode aquecer o planeta em comparação com o dióxido de carbono (CO2), cujo GWP é igual a 1.
Então, quando falamos do GWP dos fluidos refrigerantes que usamos em nossos sistemas frigoríficos, estamos comparando o quanto eles podem contribuir para o aquecimento global em relação ao CO2. Resumidamente, quanto maior o GWP de uma substância, mais ela aquece o planeta.
A título de exemplo, podemos citar o caso do R-410A. Seu GWP é de 2088. Isso significa que, quando lançada na atmosfera, cada molécula desse hidrofluorcarbono (HFC) causa o mesmo impacto climático que 2088 moléculas de CO2. Impressionante, não?
O potencial de degradação da camada de ozônio (ODP) é outro termo importante. Ele mede o quanto uma substância clorada, como os clorofluorcarbonos (CFCs) e hidroclorofluorcarbonos (HCFCs), pode “furar o escudo” que protege a Terra dos raios solares ultravioletas (UVs). Quanto maior o ODP de um gás, mais ele pode catalisar a destruição do ozônio na estratosfera.
A escala do ODP varia de 0 (sem potencial de degradação da camada de ozônio) a 1 (ou mais), que é o valor para o CFC-11. Portanto, substâncias com ODP maior do que 1 têm mais potencial de degradar a camada de ozônio do que o R-11.
Enfim, um produto químico com um ODP alto, como os CFCs, pode contribuir significativamente para aumentar o “buraco” na camada de ozônio quando liberado na atmosfera.
No entanto, desde o estabelecimento do Protocolo de Montreal, em 1987, o uso de CFCs foi banido gradualmente no mundo todo.
Os CFCs foram largamente substituídos por HCFCs e HFCs. Os HFCs não são nocivos à camada de ozônio, e os HCFCs têm ODP muito menor do que os CFCs. Por exemplo, o HCFC R-123, usado em alguns sistemas de refrigeração, tem um ODP de 0,02.
Agora, é preciso fazer uma observação importante: independentemente de seu ODP e/ou GWP, um fluido refrigerante só pode prejudicar o meio ambiente se ele vazar do sistema. Do contrário, ele não vai destruir a camada de ozônio e/ou agravar diretamente o efeito estufa.
Já o TEWI é o cálculo do impacto climático total equivalente dos sistemas durante sua vida útil. É uma métrica que é calculada levando em consideração as emissões diretas de GEE (vazamentos de refrigerantes) e indiretas (associadas ao consumo de energia) dos equipamentos.
Segundo relatório da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) publicado no ano passado, os sistemas de refrigeração e climatização são responsáveis por 7,8% das emissões globais de GEE, em função de fugas de CFCs, HCFCs e HFCs e da produção de energia elétrica necessária para manter as máquinas em funcionamento.
Diante disso, vamos considerar um exemplo prático para facilitar o entendimento sobre o TEWI.
Digamos que você esteja avaliando dois sistemas de ar condicionado diferentes para instalar em um prédio comercial. O sistema A utiliza um refrigerante com alto GWP, mas é muito eficiente em termos de energia. Já o sistema B utiliza um refrigerante com baixo GWP, mas consome mais energia.
Se você olhar apenas para o GWP de ambos os refrigerantes, pode pensar que o sistema B é a melhor escolha. No entanto, como o sistema A é mais eficiente em termos energéticos, ele vai acabar consumindo menos eletricidade ao longo de sua vida útil. Isso significa que ele vai gerar menos emissões de CO2 relacionadas à geração de energia.
Ao utilizar o TEWI, você estaria levando em conta tanto as emissões de refrigerante quanto as emissões de CO2 relacionadas à geração de energia. Nesse caso, o sistema A, apesar de usar um refrigerante com GWP maior, pode ter um TEWI menor porque sua eficiência energética resulta em menos emissões indiretas ao longo do tempo
Por outro lado, o LCCP (sigla em inglês para “desempenho climático de ciclo de vida”), que foi originado do conceito inicial de TEWI, oferece uma avaliação mais ampla do impacto climático de um sistema durante todo o seu ciclo de vida. A principal diferença entre o LCCP e o TEWI está no que cada métrica define como “ciclo de vida”.
Assim como o TEWI, o cálculo do LCCP leva em conta as emissões diretas e indiretas oriundas da operação de um equipamento durante sua vida útil, mas também considera as emissões associadas à produção do fluido frigorífico, à fabricação do sistema em si e à sua disposição final ou reciclagem.
Enfim, o LCCP é uma métrica que calcula o impacto ambiental de um sistema desde o “berço até o túmulo”.
Portanto, entender todas essas métricas é crucial para todos nós que trabalhamos na indústria de aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigeração (AVAC-R) porque elas nos ajudam a tomar decisões melhores e mais sustentáveis.
Afinal de contas, elas podem orientar nossas escolhas, desde que tipo de refrigerante usar até como projetar e manter nossos sistemas para economizar energia e minimizar seu impacto no meio ambiente.
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